sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Capitulo I

“Toda vez que pensamos que a vida pode se conformar, ela muda de rota e nos surpreende...”.




Eu andava tranquilamente e pensava como queria que a minha vida fosse um pouco menos pasma, e eis que numa tarde de verão, encontrei minha mais recente vizinha, senhora Rêveri também a voltar de uma caminhada.Há pouco nos conhecíamos, mas parecia ali crescer uma nova amizade.Ela convidou-me para jantar consigo e com seu irmão, o Major Antoine Rêveri.Ele chegara havia dois dias de uma missão no leste da Áustria, comandando suas tropas contra uma invasão curda que estava acontecendo.

Aceitei tão gentil convite, pois me sentia muito sozinha.Na ocasião meu marido trabalhava como representante do exército Francês no novo mundo e passava longas temporadas longes, por isso procurava dedicar-me à música e a literatura, eu ficava por horas atrelada em meu diário escrevendo todas as impressões que tinha do mundo das pessoas, das situações e por outras vezes dedicava-me a minha paixão a música: o violino e o piano enfim criavam um mundo onde minha mente pudesse exercitar-se.Por mais cômoda que fosse aquela situação sentia falta de pessoas e o convite da senhora Rêveri, ou melhor, Anne como ela fazia questão que lhe chamasse, veio a alegrar-me, então mais que depressa, mas com ar discreto, aceitei o convite.Voltei a casa pra aprontar-me, afinal não podia comparecer à frente do conselheiro, com ares encarnados de um longo passeio ao sol da tarde.

Cheguei ás vinte e trinta como combinado.O mordomo levou-me à sala de visitas onde fiquei até a chegada de Anne, que me disse:

-Que bom recebê-la em minha casa senhora Marie Casanova di Forreli.

Respondi-lhe:

-Por favor, trate-me Marie, simplesmente.

Logo entra o major que após cumprimentar-me, iniciou uma conversa informal pra descontrair.Assim deu-se a hora do jantar e sentamos os três a mesa.Lembro-me perfeitamente da delicadeza de Anne, ao receber uma visita ela era simples e sofisticada.Seu jantar estava maravilhoso! Depois nos pusemos novamente à sala de estar, após mais um instante de conversa sentei-me ao piano para tocar algumas valsas, dei conta que já era tarde decidi por ir embora ficando combinado um almoço de agradecimento em minha casa, pois estava a chegar o dia de meu marido voltar, assim podíamos todos ser amigos, pois aquela conversa se fazia agradável, e tinha certeza que meu marido iria adorar conhecer o senhor Major.

Homem de muita cultura além de excelente oficial, homem alto de olhar firme e intenso típico de um militar, mais entre “linhas” era um olhar doce, seu olhar não revelara muito mais que isso, apesar de ser um anfitrião muito agradável, parecia-me esconder no olhar uma tristeza.

Anne por sua vez era uma mulher de baixa estatura, excessivamente magra, muito pálida, havia sempre que tomar remédios, a discrição impediu-me de perguntar naquele momento, mas a impressão que tive é que Anne estava muito doente, mas deixei esta impressão de lado tamanha era a gentileza e a hospitalidade da família Rêveri.

Alguns dias após este jantar em meu passeio matinal no parque encontrei a Isabelle e contei-lhe meu feliz jantar com os Rêveri, como me receberam e da impressão que tive a respeito do senhor Antoine, foi então que ela me contou:

-Então você não sabe Marie? Pobre do senhor Antoine e de Anne tinham uma vida tão feliz, em Marselha. Antoine já casado vivia com sua jovem esposa na propriedade de seus pais, onde também vivia Anne, sua irmã, viviam todos muito bem, o pai de Antoine é o Duque Jean Echantê Riveri e sua mãe a Duquesa sempre foi uma mulher muito forte dedicada aos filhos e ao marido, assim também o Duque, patrões justos, pais amorosos e amigos memoráveis.

Mas às vezes a vida dá a essas pessoas destinos incompatíveis com a grandeza dessas mesmas pessoas...

-O que aconteceu?-Perguntei-lhe já aflita com essa parte da história...

Respondeu-me ela:

- Sua esposa estava esperando um filho, o primeiro do casal.Num parto complicado Emily não resiste e falece no parto, a criança por ter vindo antes do tempo esperado, também não resiste.Oh! Mas é mesmo uma pena, ainda tão moço e apaixonado pela esposa, ficar viúvo!Como se não bastasse apenas dois meses depois, a peste invade suas terras e leva seus amados pais, escapando por sorte Anne.Depois disso Antoine que era um homem crente, passou a descrer e fechou seu coração, a muitas coisas na vida, inclusive às mulheres, à vida de um modo geral, agora vive apenas para o trabalho e para sua amada irmã, que está viva por milagre.

- E Anne, diante disso tudo como reage? –Perguntei-lhe

- Reage bem, ainda tem que tomar alguns remédios...A pobrezinha às vezes parece que vai desmaiar de tanta fraqueza, mas fora isso ela é quem tem dado muita força ao irmão!

-Mas já se faz tarde e tenho que ir embora, adeus querida, outro dia conversamos mais, disse Isabelle...-

Durante meu caminho para casa pensava naquela triste situação e na tragédia que se abatera sobre aquela família, em Anne que perdera os pais, e no senhor Antoine que além dos pais também foi à adorada esposa e o filho ainda nem chegado.Imaginava cada momento de seu sofrimento, a dor de enterrar sua família para mim era o que parecia pesar mais nesses momentos eu que voltava para casa e passeava nessas vidas que soavam tão tristes, mas guardava nelas um ar de esperança e amor.Aquela imagem encantou-me de tal forma que sem perceber as lágrimas rolavam em minha face e eu nem tinha dado conta, eu e esta minha velha mania sentir dores alheias...

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